Muitos talvez não conheçam o Sr. John Maynard Keynes. Keynes é o autor da frase que consta junto ao título do blog: "A mais importante agenda do Estado não está relacionada às atividades que os indivíduos particularmente já realizam, mas às funções que estão fora do âmbito individual, àquelas decisões que ninguém adota se o Estado não o faz."
E, por que enfatizar, justamente, um pensamento deste senhor? Bem, particularmente, acredito ser este um dos seres humanos mais interessantes de nossa história e foi, devido às suas idéias, que os governantes que estavam no poder durante as crises de 1929 e 2008 (crises com características muito semelhantes), tomaram uma atitude eficaz para reerguerem seus países.
John Maynard Keynes é um britânico, nascido em Cambridge, filho de John Neville Keynes (secretário da Universidade de Cambridge e tem por obra Escopo e Método de Economia Política) e cuja mãe era prefeita de Cambridge. Keynes viveu entre 1883 e 1946, portanto, também viveu 3 importantes períodos da história: 1ª Guerra Mundial, Crise de 1929 e 2ª Guerra Mundial, em ordem cronológica. À época do seu falecimento, em 1946, recém finda a 2ª Guerra Mundial, Keynes era reconhecido como o economista líder mundial.
Estes períodos de guerra, entre-guerra e crise econômica não podem ser desprezados na análise deste pensador, pois, foi nestas oportunidades que o Sr. Keynes teve contato direto com a interrupção das relações de comércio, inflação, instabilidade da taxa de câmbio, desequilíbrio do balanço de pagamentos, deflação, desemprego, tudo isso em escala mundial.
As duas crises serão comentadas em outros artigos, para mantermos o foco deste, mas para entender melhor a intervenção do governo com a aplicação da teoria keynesiana, vamos a algumas intersecções entre ambas:
Crise de 1929 – Ápice do liberalismo clássico, com a auto-regulação do mercado. O Estado não interferiria nas questões econômicas e o mercado se auto-conduziria, sem intervenção estatal. Havia uma forte especulação financeira em relação à produção industrial, mas o mercado de consumo não era forte, pois não lhe era repassado os ganhos, via aumento de salários e a Europa estava ainda arrasada pela 1ª Guerra (1914-1918). Grande oferta e pouca demanda. Muita produção e pouca venda.
Crise de 2008 – Iniciado na década de 1980, o liberalismo retorna ao cenário mundial, agora como neo-liberalismo, com forte abertura de mercado, agora favorecido pela globalização e pactos comerciais. No final da década de 1990, há o boom do mercado de alta tecnologia (biotecnologia, nanotecnologia, informática, telecomunicações, etc). Novamente, muita especulação sobre ganhos astronômicos com este mercado. Estouro da bolha do setor de alta tecnologia. Em 2001, acontecem os ataques em Nova York, com mais um abalo. Aumento do déficit público com o gasto nas guerras do Afeganistão e Iraque. O FED baixa a taxa de juros a 1% ao ano. Com crédito barato, as pessoas consomem mais. Os bancos passam a emprestar dinheiro para o mercado sub-prime, que paga juros maiores, por não ter vínculo empregatício e histórico de bons pagamentos. Há a inadimplência. Imóveis são retomados. Com grande oferta de imóveis, os preços baixam e os bancos perdem muito dinheiro. Quebram muitasas imobiliárias e muitos bancos.
Aí, entra o keynesianismo.
Tanto o presidente Roosevelt eleito em 1932, quanto o presidente Obama, eleito em 2008, ambos democratas que substituem um republicano, têm o desafio de reerguer a economia. As atitudes que ambos tomaram retomam as idéias de Keynes, que defende a intervenção do Estado sobre a economia, de forma pontual e estratégica como um regulador da economia e com uma atitude positiva, aumentando o gasto público de investimento quando a economia exige, não há que se falar em aumento do gasto público de custeio, que não teria o impacto desejado.
Roosevelt e sua equipe econômica adotam um New Deal, que inclui atitudes keynesianas:
- Controle governamental dos preços de diversos produtos industriais e agrícolas;
- Concessão governamental dos preços de diversos produtos industriais e agrícolas;
- Realização de um grande programa de obras públicas;
- Criação do seguro-desemprego;
- Recuperação industrial;
- Controle de emissão de valores monetário.
Keynes, portanto, nunca defendeu a estatização da economia, como acontece em um regime comunista. Keynes defendia a participação ativa do Estado em investimentos que lhe dizem respeito e que não são desenvolvidos pela iniciativa privada. Não se trata, portanto, de uma competição entre o Estado e a iniciativa privada, mas de uma complementação ao mercado. Com o tempo e com essas duas experiências, ficou claro que a presença do governo é indispensável na regulação dos processos econômicos e, aos poucos, isso levou a economia de volta aos trilhos.
Ainda há muito o que falar e aprofundar sobre o Sr. Keynes e sua teoria, mas estas são cenas para os próximos capítulos... J
Fontes:
http://dinheirama.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Abçs,
Cátia Ereno
Olá Cátia,
ResponderExcluirsem defender uma ideologia, ou outra... é sempre bom um contraponto... sugiro que poste algum material sobre economia austríaca.
Sugiro o seguinte link...
http://www.mises.org.br
Grande Abraço.
Olá!
ResponderExcluirTudo bem?
Certamente, vamos, então, discutir esse tema tb. Inclusive, se você gosta deste assunto, pode me mandar um artigo ou um resumo para publicar, caso queira. É só mandar no meu e-mail.
Como eu disse no início, essa é uma oportunidade de formarmos uma base de conhecimento muito boa e de desenvolver o pensamento crítico, com bases sólidas.
Abçs!!!