Ao contrário de tudo o que se diz hoje no Brasil, nossa situação econômica ainda não é a 8ª maravilha do mundo. Basta visualizar os números mais recentes divulgados pela Bloomberg, comparando a nossa economia com a de outros países, inclusive com os que se encontram na mais profunda crise no ocidente.
Brasil comparado com outros 12 países em: juros nominais, inflação, juros reais, evolução do PIB, desempenho das bolsas e múltiplo de negociação das ações.
Queda de 20% coloca bolsa brasileira entre as de pior desempenho em 2011 – atrás apenas de Grécia e Portugal.
Na comparação com as bolsas de outros 12 países relevantes no contexto internacional (descritos no quadro abaixo), o Ibovespa, principal indicador do desempenho do mercado acionário brasileiro, apresenta um dos piores desempenhos em 2011.
A queda de 20,3% (em moeda local) do indicador o coloca à frente apenas das bolsas de Portugal (-21,0%) e Grécia (-44,7%) no período - dois países que, juntamente com Espanha e Itália passam por um período de forte crise na Europa no momento.
Conforme o quadro abaixo, que reúne estas e outras informações, percebe-se que o Brasil pratica a maior taxa de juros dentre os países da amostra, que a inflação no país é a 2ª maior o grupo (atrás da Índia) e que a expansão do PIB mostrou-se inferior à dos países do BRIC – ao mesmo tempo, as ações brasileiras estão entre as mais baratas na comparação com as demais.
Mesmo com uma das maiores taxas de inflação, taxas de juro nominal e real do Brasil são as maiores do mundo.
O quadro acima também evidencia uma situação bastante adversa da economia brasileira: a de praticar as maiores taxas de juros do mundo. Os atuais 11,5%aa da taxa Selic mostram-se não só muito superiores aos percentuais praticados nos países desenvolvidos, como também são elevados na comparação com outras economias em desenvolvimento – no chamado grupo dos BRICs, as taxas praticadas na Rússia (8,3%aa), Índia (7,5%aa), e China (6,6%aa) são muito inferiores à da Selic brasileira (11,5%aa). Se considerarmos os números da inflação ao consumidor em cada país, veremos que a inflação dos últimos 12 meses mostrou-se superior às atuais taxas de juro em praticamente todos os países da comparação, levando a uma situação de taxas de juros reais negativas – apenas Brasil, Rússia e China registraram taxas de juros reais positivas.
A prática de juros nominais e reais muito elevados certamente contribui para o desempenho negativo do mercado acionário brasileiro, não apenas em 2011, mas ao longo do tempo. Com uma remuneração “livre de riscos” proporcionada pelo Governo tão elevada, os brasileiros tem menos incentivos que os demais povos para alocar parte do seu patrimônio em alternativas de maior risco, capazes de proporcionar maior retorno – como o mercado acionário.
Evolução do PIB brasileiro mostra-se superior ao dos países em crise, mas é bastante inferior à dos demais BRICs.
A expansão de 3,1% do PIB brasileiro nos últimos 12 meses não pode ser considerada ruim, seja na comparação com o histórico do país ou com os dados apresentados ao redor do mundo. Em muitas regiões do mundo os efeitos da crise iniciada em 2008 permanecem presentes, afetando o desempenho das economias. Países como os EUA não conseguiram manter um ritmo consistente de recuperação de sua economia desde então, e apesar de sinalizarem retomada do nível de atividade, ainda enfrentam dados adversos de desemprego, no setor imobiliário e na confiança dos consumidores. Na Europa a situação mostra-se mais difícil, pois além de baixos crescimentos nas diferentes economias da região (exceção da Alemanha), houve um forte crescimento dos riscos financeiros, motivados por indicadores desfavoráveis que apontam grande endividamento de alguns países, além de significativos déficits nos orçamentos – em outras palavras, Governos de países como Grécia, Portugal, Itália e Espanha estão bastante endividados, e em seus orçamentos os gastos permanecem muito superiores às arrecadações.
Contudo, a realidade brasileira mostra que, apesar do país crescer em ritmo superior ao dos países desenvolvidos, a evolução do PIB tem sido bem inferior ao dos demais países em desenvolvimento – os 3,1% do Brasil nos últimos 12 meses está atrás do ritmo de China (9,1%), Índia (7,7%) e Rússia (3,4%).
Fonte:
www.gerafuturo.com.br
Abçs,
Cátia Ereno
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